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Autismo

        Você deve estar se perguntando o porquê desta página... 
       Pois saiba que tenho um lindo filhote portador de Transtorno Global do Desenvolvimento - Autismo - no caso dele: autismo leve, onde a inteligência, o convívio (na maioria das vezes) e a afetividade não foram prejudicados. Apenas a linguagem e certas manias do tipo: selecionar pessoas (desconheço o critério que ele usa), ignorar algumas perguntas e um imenso pânico com barulhos, como foguetes ou trovões, e algumas outras que o fazem único, aliás, como qualquer outra criança...
       Pretendo aqui partilhar experiências, pesquisas e notícias sobre este assunto, tão presente e tão pouco conhecido em nossas escolas. Aos poucos vou "recheando" esta página, pois tenho lido e pesquisado muito sobre este isto e assim vou aprendendo a ser mamãe deste garotinho que é a minha razão de viver e sorrir todos os dias.





     Meu filho tem a graça de estar numa escola muito boa, com profissionais dedicados e zelosos. Mas, já teve o que denomino de "professoras-fantasmas"... Dia desses encontrei um texto que falava exatamente sobre isso e resolvi adaptar, segue:


Carta de adeus a algumas “professoras fantasmas” que meu filho teve:

“Você passou pela vida do meu filho e foi como se não tivesse existido. Ou seja, uma verdadeira fantasma!
O pior que pode acontecer na vida dele é alguém fingir que ele não existe.
Ignorá-lo é como maltratá-lo.
É privar o estímulo que o faz evoluir.
Você perdeu a chance de conhecê-lo. De amá-lo.
Você nem sabe quais são os seus gostos, qual é o seu time, seu herói e filme favoritos, não sabe o que significa “ao infinito e além!”.
É triste!
Algumas colegas tentaram lhe esclarecer, contaram-lhe como faziam, cada referência na experiência anterior para que você pudesse firmar um laço, um elo de amizade e cumplicidade.
Mas você ignorou!
Preferiu os dados estatísticos das metas pedagógicas, e esqueceu do sorriso no olhar do meu filho!
Um ano inteiro se passou, e logo percebemos que poderia ser assim.
Não pedimos para mudá-lo, pois não somos covardes.
Se era você a sua professora, com você seria o ano letivo.
Só pais como nós, sabemos que a vida colocará outras pessoas que farão o mesmo com ele.
E se esquivar não é o melhor caminho.
Enfrentar sim!
Mesmo com todas as dificuldades o ano letivo se encerrou e ele venceu, apesar da sua existência na vida dele.
Não desejamos nenhum mal… mas confesso que a única coisa pude fazer é dar-te adeus!
Lamento, pois você não conheceu o Gu, e as pessoas que tiveram esse privilégio, sabem que ele é inesquecível.
Adeus!”
Escrito pelo @filhoespecial | na categoria Escola, Preconceito | no dia 06-12-2010




A difícil saga de cortar o cabelo

Muitas crianças com autismo tem dificuldades com o corte de cabelos. Aqui se listam algumas sugestões que podem ajudar os pais a fazer desta tarefa uma experiência mais agradável.
A primeira sugestão é encontrar algo que possa ser extremamente reforçador para a criança mas que seja usado SOMENTE nos momentos de corte de cabelo. Isso pode tornar o processo muito mais fácil.
Outra coisa que você pode fazer é criar uma história social explicando para a criança usando um sistema visual o que irá acontecer, aonde irão, uma descrição do comportamento desejado e o que acontecerá depois que o cabelo for cortado. Essa história pode ser ilustrada na forma de uma agenda de forma que a criança possa ir manuseando e entrando em contato com o fato que deixa de ser abstrato e passa a ser mais palpável aos olhos do autista.
A história abaixo foi criada por uma criança autista e pode ajudar tanto na compreensão do que acontece nestes momentos, como servir de apoio para a construção de sua história:
De vez em quando eu tenho que ir cortar o cabelo. Eu não gosto de fazer isso porque eu fico com medo, posso sentir-me desconfortável e por isso eu fico triste. Mamãe vai colocar a minha música favorita enquanto eu estiver cortando o cabelo para que eu não fique amedrontado. Quando mamãe disser que é dia de ir ao barbeiro, eu terei que sentar na cadeira, deixar molhar e cortar. Se eu ficar calmo e deixar o barbeiro trabalhar, então eu vou ganhar um picolé. Eu adoro picolés. Então, eu vou deixar cortar o meu cabelo. Mamãe e papai ficarão felizes e eu também vou ficar.

Esta história poderá ser personalizada e adequada a cada situação. Além disso, você pode fazer uma agenda ou mural com algumas fotos e praticar com a criança algumas vezes em casa, como se estivessem dramatizando. Esta experiência deixa a criança mais segura e confortável sobre o que irá acontecer e passará a tomar conhecimento sobre toda a ordem dos fatos do dia em que forem ao barbeiro e reduzirá a ansiedade frente ao que poderia ser imprevisível.
Já que o corte de cabelo não é um hábito que acontece sempre, fica difícil para o autista aprender a forma mais adequada de se comportar pois não usa estes comportamentos com freqüência. Por isso, pode ser uma boa idéia aumentar as visitas ao salão, indo de tempos em tempos, para que esta vivência passe a fazer parte da rotina da criança até que ela passe a sentir-se mais confortável no processo.
É interessante que os pais também possam realizar visitas breves ao salão (uma ou duas vezes na semana), fazer com que a criança somente entre no salão no primeiro dia; entre no salão e sente na cadeira no segundo dia; entre no salão, sente da cadeira e penteie o cabelo no quarto dia; entre no salão,sente na cadeira, penteie o cabelo e molhe o cabelo no quinto dia, etc, até que todo o encadeamento de comportamentos possa ser emitido: entrar no salão, sentar na cadeira, lavar o cabelo, cortar o cabelo, sair da cadeira e tomar o picolé.
Esse processo de dessensibilização é necessário, pois muitos autistas sentem verdadeiro desconforto ao corte de cabelo, seja pelo toque das mãos de quem corta, pelo contato com a tesoura ou máquina de cortar em uma região próxima dos ouvidos (o que pode provocar sensibilidade auditiva), pelo medo da cadeira de corte posicionada de forma diferente (muitas vezes esta cadeira se eleva, causando a sensação de perda da referência do chão), entre outros fatores.

Diante destas possibilidades, sugerimos:
1. Leve a criança de preferência sempre no mesmo salão
2. Ensine a previsibilidade para reduzir a ansiedade
3. Faça o processo de dessensibilização antes do dia do corte
4. Aumente a freqüência dos cortes
5. Estimule a sensação do toque no couro cabeludo enquanto estiver lavando os cabelos da criança em casa, massageando, penteando os fios, oferecendo o pente para a própria criança
6. Incentive o uso de bonés, chapéus, toucas, presilhas, elásticos, tranças, etc, para favorecer sensação de “peso” e toques diferentes na região superior da cabeça
7. Permita que a criança penteie o seu cabelo e de outros membros da família oferecendo á ela feedbacks positivos
8. Durante o corte, oportunize situações de distração e desvio da atenção como ouvir música com um fone, jogar um game portátil, olhar uma revista ou assistir a TV.
9. Mostre como a máquina de cortar funciona, idem para a tesoura e navalhas.
10. Evite “raspar” a cabeça da criança (meninos) pois assim, todas as orientações acima não poderão ser aplicadas, além de fazer com que a criança tenha cada vez menos a sensação de seus próprios cabelos.

LEMBRE-SE QUE AS MAIS CORRIQUEIRAS SITUAÇÕES DO DIA A DIA PODEM SER TORTURANTES PARA CRIANÇAS COM AUTISMO E QUE DIANTE DELAS, COMPORTAMENTOS NOVOS PRECISAM SER ENSINADOS.

 Opinião pessoal: Difícil, muito difícil realizar corte de cabelo em meu filhote. Ele chora, sua, se debate, passa mal... muito complicado... Situações piores só ir ao dentista ou retirar sangue para exames (situações extremas, terríveis pra ele), mas seguimos tentando, insistindo, um dia ele entende que não vai doer e aceita ficar ainda mais lindo... numa boa!!!







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