Morre uma educadora...
Há alguns anos, nascia uma educadora.
Uma professorinha (como muitos a chamavam) cheia de sonhos e esperanças. Ela
acreditava no poder da educação, na magia do aprender, do ensinar, do
partilhar...
Estudava, pesquisava, planejava, sempre
buscando um jeito de “encantar” aqueles aos quais lhe era confiada a tarefa de
educar. Foi faxineira, enfermeira, carpinteira e tantas outras coisas em prol
de seu educando. Trabalhava com alegria, acreditava no que fazia e achava que
seu trabalho era reconhecido.
Mas, com o passar dos anos e,
principalmente, com o passar dos “governos”, a professorinha foi percebendo que
a valorização que esperava ou que achava que tinha era uma utopia. Viu muitos
colegas serem pisoteados, massacrados por excessivas jornadas de trabalho para
que pudessem adquirir um pouco mais de segurança financeira, viu pessoas
competentes e dedicadas serem dispensadas para que outras fossem “apadrinhadas”
pelo partido da situação... Viu colegas mendigarem por trabalho, por escolas
mais próximas... Viu diretoras organizarem rifas, bazares, festas e tantas
outras atividades para fazerem das escolas lugares melhores... Viu e contribuiu
tantas vezes com dinheiro do próprio bolso para materiais, folhas e até mesmo
giz...
Foram tantos “mandos e desmandos” nestas
trocas de governos, como se as pessoas fossem peças de um jogo que cada um
dispõe a “bel-prazer”... Várias vezes seu trabalho foi requisitado e, logo
após, dispensado, muitas vezes sem aviso, quando ela menos esperava. Sua jornada
de trabalho foi reduzida, seu turno trocado em nome de uma economia, onde ela era
um “gasto”, mas cargos de confiança ricamente vestidos foram mantidos em suas
funções muitas vezes não claras de importância... Ao mesmo tempo que viu sua
cidade aumentar o número de vereadores, assessores e tudo mais que isso
acarreta, viu escolas juntarem turmas e colegas serem dispensados... como ela,
eram “gastos”... Foram tantas as decepções...
Se “educar é acreditar na vida e ter
esperança no futuro (Alberto Einstein)” morreu aqui uma educadora.
Jacira Franke