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domingo, 26 de agosto de 2012

Desabafo...

Este texto escrevi em 2009, num momento de grande frustração profissional... Gostaria de partilhá-lo com vocês. Em alguns momentos os sentimentos retornam...


Morre uma educadora...

Há alguns anos, nascia uma educadora. Uma professorinha (como muitos a chamavam) cheia de sonhos e esperanças. Ela acreditava no poder da educação, na magia do aprender, do ensinar, do partilhar...
Estudava, pesquisava, planejava, sempre buscando um jeito de “encantar” aqueles aos quais lhe era confiada a tarefa de educar. Foi faxineira, enfermeira, carpinteira e tantas outras coisas em prol de seu educando. Trabalhava com alegria, acreditava no que fazia e achava que seu trabalho era reconhecido.
Mas, com o passar dos anos e, principalmente, com o passar dos “governos”, a professorinha foi percebendo que a valorização que esperava ou que achava que tinha era uma utopia. Viu muitos colegas serem pisoteados, massacrados por excessivas jornadas de trabalho para que pudessem adquirir um pouco mais de segurança financeira, viu pessoas competentes e dedicadas serem dispensadas para que outras fossem “apadrinhadas” pelo partido da situação... Viu colegas mendigarem por trabalho, por escolas mais próximas... Viu diretoras organizarem rifas, bazares, festas e tantas outras atividades para fazerem das escolas lugares melhores... Viu e contribuiu tantas vezes com dinheiro do próprio bolso para materiais, folhas e até mesmo giz...
Foram tantos “mandos e desmandos” nestas trocas de governos, como se as pessoas fossem peças de um jogo que cada um dispõe a “bel-prazer”... Várias vezes seu trabalho foi requisitado e, logo após, dispensado, muitas vezes sem aviso, quando ela menos esperava. Sua jornada de trabalho foi reduzida, seu turno trocado em nome de uma economia, onde ela era um “gasto”, mas cargos de confiança ricamente vestidos foram mantidos em suas funções muitas vezes não claras de importância... Ao mesmo tempo que viu sua cidade aumentar o número de vereadores, assessores e tudo mais que isso acarreta, viu escolas juntarem turmas e colegas serem dispensados... como ela, eram “gastos”... Foram tantas as decepções...
Se “educar é acreditar na vida e ter esperança no futuro (Alberto Einstein)” morreu aqui uma educadora. 
                                                                                           Jacira Franke

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